
Recentemente participei de uma palestra com Mariana Barros, fundadora e CEO da Go Doctors, uma agência especializada em posicionamento digital para a área da saúde e que faz parte do ecossistema do InovaHC — o hub de inovação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Saí do evento com uma inquietação: muitos de nós ainda subestimamos ou negligenciamos nossa presença online. E isso não é um problema pequeno — é uma oportunidade perdida diariamente.
Principais tópicos abordados na palestra:
1. Espaço digital dominado por informações incorretas
Enquanto profissionais sérios e capacitados evitam ou relegam suas redes sociais, o espaço digital é preenchido por informações incorretas ou superficiais. Isso resulta em um público mal informado e em profissionais competentes permanecendo invisíveis digitalmente.
2. Exaustão digital
Muitos profissionais relatam sentir um desgaste constante ao tentar manter uma presença ativa nas redes sociais, entrando no chamado “ciclo da exaustão digital”: começam motivados, mas a falta de estratégia e consistência rapidamente leva à frustração e desistência.
3. Falta de clareza na comunicação
Frequentemente, profissionais utilizam termos técnicos em suas postagens, esquecendo que o público não domina essa linguagem especializada. Isso gera uma desconexão com a audiência, reduzindo o impacto e o alcance da mensagem.
O que essa realidade digital diz sobre a atuação dos laboratórios de análises clínicas?
Pensando especificamente no contexto dos laboratórios de análises clínicas, esses problemas são ainda mais críticos. Muitos laboratórios ainda dependem exclusivamente do modelo tradicional de relacionamento com médicos e pacientes, negligenciando o potencial das redes sociais para ampliar a visibilidade e melhorar a comunicação direta com o público. A consequência disso é clara: clientes que buscam na internet informações sobre exames, diagnósticos e serviços acabam encontrando conteúdos pouco confiáveis ou promovidos por concorrentes que entenderam a importância de um bom posicionamento digital.
Sabemos que existem regulamentações específicas para comunicação em saúde, como as Resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM – 2.336/2023) e da Anvisa (RDC 96/2008), que delimitam o tipo de conteúdo permitido, visando proteger o paciente e assegurar a ética na publicidade. No entanto, essas normas não devem ser vistas como barreiras, mas como orientações para uma comunicação responsável e eficaz.
Se não repensarmos urgentemente nossa abordagem digital, corremos o risco de continuar perdendo espaço para players mais atentos às necessidades e comportamentos atuais dos pacientes. Precisamos abraçar a clareza na comunicação, enfrentar o desafio da produção consistente de conteúdo relevante e estratégico, e sair do ciclo da exaustão digital com planejamento adequado.
É hora de os laboratórios também tomarem consciência e protagonismo digital, respeitando as regulamentações, para não serem deixados para trás nessa transformação do mercado da saúde.
Leonardo Lippel
Executivo Greiner Bio-One Service Tech